sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Livro digital: Uma viagem de conhecimento!

Confira o livro digital produzido para a disciplina de Mídias e Educação!!




Carolina Cardoso

Chegamos ao fim... o que ficou?

        É... disciplina semestral é assim, passa "voando" e quando percebemos já acabou. Mas a vida é dessa forma e a formação acadêmica não poderia ser diferente, não é mesmo?
      Na disciplina de Mídias e Educação ministrada pelos professores Joice Araújo Esperança e Marcio Oliveira conseguimos tecer uma rede de conhecimentos ao término deste ciclo, e digo rede no sentido literal também!
        A primeira aprendizagem foi desconstruir a ideia de que a disciplina nos capacitaria apenas para operar com as mídias e tecnologias, um pensamento um tanto reducionista de minha parte. Mas nos capacitaria para algo ainda mais importante: pensar nas mídias em suas mais diversas formas como artefatos culturais, como recurso e estratégia pedagógica, como interpeladora do cotidiano dos sujeitos, como produtora de sentidos = subjetividades.
     Ao estudarmos sobre a Modernidade Líquida, termo usado por Zygmunt Bauman (2001), conseguimos estabelecer relações com o que temos observado na contemporaneidade e podemos responder a pergunta que dá nome a este blog, "que tempo é esse?" Esse é o tempo dos deslocamentos, algumas coisas permanecem as mesmas, mas ampliam seu significado, outras só mudam o nome para se adequar ao tempo em que vivemos. Um tempo de rearranjos de concepções, mas sem intenção de categorizá-las. Esse é o tempo que flui com muita facilidade, que nos deixa instáveis por ser instável e esta instabilidade se traduz em diferentes consequências, sem atribuir juízo de valor de boas ou ruins, mas permitindo uma análise crítica sobre elas.
      Quem está se formando professor talvez vá questionar: onde estão\como estão\ quem são as crianças e como se configuram suas infâncias na sociedade contemporânea? Alguns dizem que não estão, que as infâncias não são mais como as de antigamente, morreu, acabou! Será mesmo que morreu? OU não conseguimos nos distanciar de uma visão nostálgica que tem por referência a NOSSA infância? Então Joice Esperança e Paula Ribeiro (2013) podem nos responder a esta questão baseadas em alguns autores: não vivemos uma crise da infância no geral, mas uma crise da infância moderna, aquela da modernidade sólida. Como futuros professores (seja da área que for) é importante pensarmos que assim como vivemos em um tempo de rearranjos (talvez viveremos assim para sempre) no geral, as formas de viver a infância também estão mudando. Com as mídias de massa e o acesso (Nem sempre igual para todos) às tecnologias atuais, as crianças tem rompido com a fronteira que as separava do mundo adulto, o segredo, a aprendizagem linear e gradual. Elas crescem num contexto dinâmico em termos de informação, tem muito acesso a elas e nosso desafio como educadores é contribuir para que informação vire conhecimento.
        O mais interessante nisso tudo é pensarmos que mesmo existindo as crianças que em sua infância tem seus desejos atendidos, estão sempre ON imersas no dinamismo e crianças que não tem tudo o que querem, mas não deixam de querer, estão sempre OFF e adquirem "malandragem" no dia a dia da vida, há algo que aproxima estas duas: o DESEJO DO CONSUMO.
        Isso acontece porque a mídia, através do que Rosa Fischer (2003) chama de "estratégias de endereçamento", busca com a publicidade atingir aos mais diversos públicos em suas propagandas (tomando como exemplo os comerciais de TV), de forma a transmitir nas telinhas marketing de produtos associando características desejáveis dos seres humanos aos seus efeitos e funções.
         Ao estudarmos as estratégias midiáticas dos publicitários e produtores de TV que operam com linguagens como imagem, som e texto de forma dinâmica e bem estudada para atingir até mesmo quem não está na frente das telinhas, nos vemos diante de um dilema: Como assistir televisão ou navegar em uma rede social sem analisar as mídias e as características da modernidade líquida de forma crítica? IMPOSSÍVEL!!
        De qualquer maneira é importante entendermos que todos nós somos consumidores por nossa próprias necessidades biológicas, mas o que se instaura na atualidade é o consumismo, ligado ao sentimento de insatisfação. Quer queiramos ou não, a mídia reitera este sentimento ao disseminar um ideal de sujeito tocando no que é considerado "fragilidade" de cada público. Nossa tarefa (sim, mais uma) como professores é problematizar estas questões com nossos alunos para que possam por si mesmos analisar as produções midiáticas com criticidade sem ocuparem o lugar de passivos telespectadores.
        Precisamos possibilitar que os educandos percebam que atrás de uma câmera filmadora existe um olhar, uma seleção de imagens. Hoje a mídia participa do processos formativos dos sujeitos e junto com outras instâncias culturais os educa e produz subjetividades com seu currículo oculto!
        A disciplina nos fez perceber também que é importante problematizar os usos que as pessoas fazem da internet, de forma a ouvir o que os educandos tem a dizer sobre suas experiências nos ciber espaços e chamar a atenção para as dicas sociais que por vezes eles perdem quando de tão imersos no mundo cibernético confundem a vida on line com a vida off line (BAUMAN, 2011).

        Mesmo com todo este discurso, uma última aprendizagem, que engloba todas quando o assunto é trabalho docente, nos ensina o seguinte: problematizar, ouvir, usar os artefatos culturais como recurso e estratégia, contribuir para a ampliação de um olhar crítico, exige CO-PARTICIPAÇÃO e para isso o professor precisa aprender a ser interativo!
        Há quem diga (talvez eu já tenha dito) que uma sala de aula interativa é aquela que tem uma televisão enorme suspensa na parede, computadores, multimídia e lousa digital, mas isto não é tudo, na verdade, não é nada quando os recursos tecnológicos só servem para reprodução, só quem em outros suporte,s daquilo que já se fazia! Nesse sentido além de reconhecermos que as tecnologias digitais potencializam a interatividade a partir da democratização da informação e da possibilidade de crianção, primeiro temos que mudar nossa CONCEPÇÃO sobre ensino e aprendizagem, pois se enxergo o potencial comunicativo dos meus alunos, sei que isto poderá ser uma ferramenta para a construção de suas aprendizagens! Por isso que nos sirva de reflexão que uma sala de aula interativa existe com ou sem tecnologias digitais ;)

Se você chegou até o fim deste texto, parabéns, pois a reflexão foi necessária! rsrs

Carolina Cardoso

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zigmunt. 44 Cartas do mundo líquido moderno/ Tradução Vera Pereira.- Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, 258p.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão e Educação: Fruir e pensar a TV, 3ed. – Belo Horizonte: Coleção temas e educação, 160p. Autêntica, 2006
SILVA, Marco. Interatividade na educação. Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=ShRODbkFIJ0&feature=youtu.be, acesso 24 julho 2014. 
 SILVA, Marco. Indicadores de interatividade para o professor presencial e on-line. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.12, p.93-109, maio/ago. 2004