terça-feira, 3 de junho de 2014

Uma conversa sobre a mídia como instância cultural...




Com base nos estudos de Rosa Fischer (2003) buscaremos trazer reflexões sobre as produções midiáticas entendidas como artefatos culturais.

Ao falarmos das produções midiáticas, primeiramente precisamos compreender que não podemos desconsiderar a forte presença da TV na vida das pessoas. Quem, por menores condições financeiras que tenha, não possui um televisor em casa? E olha que estamos falando apenas de um... ou seja, a mídia, através da televisão, está presente em nosso cotidiano.

Fischer alerta que pensar a relação entre mídia e educação como algo maior, exige não somente uma leitura crítica de mundo, mas o reconhecimento da importância do tema como algo social e político.

Falar da mídia e suas produções também implica pensar que tempo é esse que vivemos e sobre as práticas que produzimos e nos produzem. Para entender este tempo, precisamos, num segundo momento, perceber a existência de diferentes espaços que educam além da família e da escola (instâncias culturais legitimadas em seu caráter educador), já que a mídia não se limita a informar e entreter tão somente, hoje ela é reconhecida como mais uma instância educativa.

A proposta da autora é que possamos problematizar em sala de aula como são estabelecidas as relações das produções da mídia e os diversos públicos atraídos por ela ao consumo de produtos e ideias.

A mídia, na “telinha”, opera com uma linguagem específica, e visa através de suas programações retratar os tecidos sociais, intervir neles, estudá-los, para conhecer os públicos aos quais suas programações, seus produtos, suas ideias, se destinam. Com base nesse pressuposto, já sabemos por que nos identificamos com uma novela, uma propaganda, um programa de entretenimento que trata de “assuntos da vida”. Nós completamos e significamos o que é mostrado na “telinha”, nós completamos as imagens. Assim, nossas subjetividades vão sendo formadas nesta trama entre vida real e vida na TV, que por vezes ofusca a vida real. Esta forma de viver e “ver” a vida incide na constituição dos sujeitos contemporâneos. Aqui, não estamos fazendo uma crítica negativa à mídia, mas analisando-a como instância cultural.

Por isso precisamos estudar as diferentes estratégias de endereçamento (imagem, som, criação) e compreender suas significações, pois os modos de endereçamento não são “neutros”, tem uma finalidade, um público-alvo. Por isso estas estratégias, ao serem investigadas, se tornam educativas e pedagógicas.

Em suma, pensar na educação da sociedade contemporânea exige um olhar atento para a forma pela qual as linguagens da TV são construídas, possibilitando organizar um trabalho pedagógico que leve os sujeitos a refletirem sobre o consumo midiático, característica do tempo que vivemos.

Então, como pensar em um trabalho pedagógico que envolva a linguagem audiovisual?

Mais do que criticar, precisamos avançar e pensar em um trabalho que utilize as mídias como recurso e estratégia, e conhecer quais as formas de acesso e como os alunos se apropriam das mídias, como foi comentado no post anterior.

Partindo deste pressuposto você poderá discutir com os alunos sobre programas de TV, novelas, filmes (artefatos culturais), promovendo um debate sobre consumismo e outras temáticas atuais associadas à forma que nos relacionamos com a mídia.

Um exemplo de atividade é trazer filmes ou documentários como “A história das coisas”, e promover debates, pesquisas e produções textuais em diferentes gêneros e aportes, com uma reflexão crítica sobre consumo. Assim como outros artefatos culturais podem ser explorados com os alunos, conduzindo a discussão aos valores, compreensão de sujeito que são trabalhados e outras questões que o material permitir.



REFERÊNCIA:

FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & educação: fruir e pensar a TV. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

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