sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Livro digital: Uma viagem de conhecimento!

Confira o livro digital produzido para a disciplina de Mídias e Educação!!




Carolina Cardoso

Chegamos ao fim... o que ficou?

        É... disciplina semestral é assim, passa "voando" e quando percebemos já acabou. Mas a vida é dessa forma e a formação acadêmica não poderia ser diferente, não é mesmo?
      Na disciplina de Mídias e Educação ministrada pelos professores Joice Araújo Esperança e Marcio Oliveira conseguimos tecer uma rede de conhecimentos ao término deste ciclo, e digo rede no sentido literal também!
        A primeira aprendizagem foi desconstruir a ideia de que a disciplina nos capacitaria apenas para operar com as mídias e tecnologias, um pensamento um tanto reducionista de minha parte. Mas nos capacitaria para algo ainda mais importante: pensar nas mídias em suas mais diversas formas como artefatos culturais, como recurso e estratégia pedagógica, como interpeladora do cotidiano dos sujeitos, como produtora de sentidos = subjetividades.
     Ao estudarmos sobre a Modernidade Líquida, termo usado por Zygmunt Bauman (2001), conseguimos estabelecer relações com o que temos observado na contemporaneidade e podemos responder a pergunta que dá nome a este blog, "que tempo é esse?" Esse é o tempo dos deslocamentos, algumas coisas permanecem as mesmas, mas ampliam seu significado, outras só mudam o nome para se adequar ao tempo em que vivemos. Um tempo de rearranjos de concepções, mas sem intenção de categorizá-las. Esse é o tempo que flui com muita facilidade, que nos deixa instáveis por ser instável e esta instabilidade se traduz em diferentes consequências, sem atribuir juízo de valor de boas ou ruins, mas permitindo uma análise crítica sobre elas.
      Quem está se formando professor talvez vá questionar: onde estão\como estão\ quem são as crianças e como se configuram suas infâncias na sociedade contemporânea? Alguns dizem que não estão, que as infâncias não são mais como as de antigamente, morreu, acabou! Será mesmo que morreu? OU não conseguimos nos distanciar de uma visão nostálgica que tem por referência a NOSSA infância? Então Joice Esperança e Paula Ribeiro (2013) podem nos responder a esta questão baseadas em alguns autores: não vivemos uma crise da infância no geral, mas uma crise da infância moderna, aquela da modernidade sólida. Como futuros professores (seja da área que for) é importante pensarmos que assim como vivemos em um tempo de rearranjos (talvez viveremos assim para sempre) no geral, as formas de viver a infância também estão mudando. Com as mídias de massa e o acesso (Nem sempre igual para todos) às tecnologias atuais, as crianças tem rompido com a fronteira que as separava do mundo adulto, o segredo, a aprendizagem linear e gradual. Elas crescem num contexto dinâmico em termos de informação, tem muito acesso a elas e nosso desafio como educadores é contribuir para que informação vire conhecimento.
        O mais interessante nisso tudo é pensarmos que mesmo existindo as crianças que em sua infância tem seus desejos atendidos, estão sempre ON imersas no dinamismo e crianças que não tem tudo o que querem, mas não deixam de querer, estão sempre OFF e adquirem "malandragem" no dia a dia da vida, há algo que aproxima estas duas: o DESEJO DO CONSUMO.
        Isso acontece porque a mídia, através do que Rosa Fischer (2003) chama de "estratégias de endereçamento", busca com a publicidade atingir aos mais diversos públicos em suas propagandas (tomando como exemplo os comerciais de TV), de forma a transmitir nas telinhas marketing de produtos associando características desejáveis dos seres humanos aos seus efeitos e funções.
         Ao estudarmos as estratégias midiáticas dos publicitários e produtores de TV que operam com linguagens como imagem, som e texto de forma dinâmica e bem estudada para atingir até mesmo quem não está na frente das telinhas, nos vemos diante de um dilema: Como assistir televisão ou navegar em uma rede social sem analisar as mídias e as características da modernidade líquida de forma crítica? IMPOSSÍVEL!!
        De qualquer maneira é importante entendermos que todos nós somos consumidores por nossa próprias necessidades biológicas, mas o que se instaura na atualidade é o consumismo, ligado ao sentimento de insatisfação. Quer queiramos ou não, a mídia reitera este sentimento ao disseminar um ideal de sujeito tocando no que é considerado "fragilidade" de cada público. Nossa tarefa (sim, mais uma) como professores é problematizar estas questões com nossos alunos para que possam por si mesmos analisar as produções midiáticas com criticidade sem ocuparem o lugar de passivos telespectadores.
        Precisamos possibilitar que os educandos percebam que atrás de uma câmera filmadora existe um olhar, uma seleção de imagens. Hoje a mídia participa do processos formativos dos sujeitos e junto com outras instâncias culturais os educa e produz subjetividades com seu currículo oculto!
        A disciplina nos fez perceber também que é importante problematizar os usos que as pessoas fazem da internet, de forma a ouvir o que os educandos tem a dizer sobre suas experiências nos ciber espaços e chamar a atenção para as dicas sociais que por vezes eles perdem quando de tão imersos no mundo cibernético confundem a vida on line com a vida off line (BAUMAN, 2011).

        Mesmo com todo este discurso, uma última aprendizagem, que engloba todas quando o assunto é trabalho docente, nos ensina o seguinte: problematizar, ouvir, usar os artefatos culturais como recurso e estratégia, contribuir para a ampliação de um olhar crítico, exige CO-PARTICIPAÇÃO e para isso o professor precisa aprender a ser interativo!
        Há quem diga (talvez eu já tenha dito) que uma sala de aula interativa é aquela que tem uma televisão enorme suspensa na parede, computadores, multimídia e lousa digital, mas isto não é tudo, na verdade, não é nada quando os recursos tecnológicos só servem para reprodução, só quem em outros suporte,s daquilo que já se fazia! Nesse sentido além de reconhecermos que as tecnologias digitais potencializam a interatividade a partir da democratização da informação e da possibilidade de crianção, primeiro temos que mudar nossa CONCEPÇÃO sobre ensino e aprendizagem, pois se enxergo o potencial comunicativo dos meus alunos, sei que isto poderá ser uma ferramenta para a construção de suas aprendizagens! Por isso que nos sirva de reflexão que uma sala de aula interativa existe com ou sem tecnologias digitais ;)

Se você chegou até o fim deste texto, parabéns, pois a reflexão foi necessária! rsrs

Carolina Cardoso

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zigmunt. 44 Cartas do mundo líquido moderno/ Tradução Vera Pereira.- Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, 258p.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão e Educação: Fruir e pensar a TV, 3ed. – Belo Horizonte: Coleção temas e educação, 160p. Autêntica, 2006
SILVA, Marco. Interatividade na educação. Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=ShRODbkFIJ0&feature=youtu.be, acesso 24 julho 2014. 
 SILVA, Marco. Indicadores de interatividade para o professor presencial e on-line. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.12, p.93-109, maio/ago. 2004

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Aprendizagens Construídas na disciplina Mídias e Educação



Fazer a disciplina mídias e educação pra mim foi algo muito proveitoso, prazeroso, pois pude compreender a partir das aulas com a Professora Joice juntamente com o professor Márcio, as questões da educação da cultura da mídia e do consumo.
Ao longo da disciplina pude conhecer um pouco sobre a modernidade líquida, sociedade de consumidores como o autor Zigmunt Bauman traz. Um dos questionamentos levantados em sala de aula foi sobre que tempo é esse que vivemos? Nome que denominamos ao nosso blog, pois, vivemos em um tempo de valores e virtudes da instantaneidade, efêmeras e descartáveis.
 Também o seminário apresentado em sala de aula “44 cartas com Zigmunt Bauman” me possibilitou pensar esta vida de contínuas emergências em que vivemos. As relações virtuais, possibilidades do mundo “on line”, a internet como exercício incessante da reinvenção, relações flexíveis, entre tantas outras reflexões que podemos fazer em sala de aula pensando nas mídias na infância e adolescência.
Neste viés, ao longo da disciplina lemos e discutimos dois capítulos do livro da Rosa Fischer “Televisão e Educação Fruir e pensar a TV”, tais capítulos estudados foram: “A TV que vemos e a TV que nos olha” e “As imagens e nosso olhar atento: com que linguagens opera a TV?” a partir disso compreendi, que as mídias tais como a TV, suas abordagens não apenas divertem, mas estabelecem significados, valores e gostos que atuam na constituição da identidade das crianças na contemporaneidade.
Diante disso, além das famílias e da escola, a mídia também educa porque ensinam determinadas formas de ser, de se ver e de agir. Por isso, ao refletir no papel do professor diante das questões midiáticas e consumo, a partir das aulas de mídias e educação, entendi ser essencial compreender os diferentes modos de endereçamento e as estratégias empregadas para interpelar o público infantil a consumirem produtos e ideias.
A partir disso, pensar nas possibilidades de usar os artefatos na escola, pois muitas vezes, como a autora Rosa Fischer (2003) traz apenas censuramos a mídia, tendo uma compreensão limitada de “crítica” e não conseguimos entender a relação entre mídia e educação como algo maior.
            Assim, com a construção deste blog, a elaboração da contrapropraganda, do livro digital e as discussões realizadas, me possibilitaram pensar e entender as estratégias que a mídia produz a quem se endereça e fazer o uso destas tecnologias como linguagem, fazendo assim seu uso educacional e pedagógico, sendo algo que considere a realidade que vivemos.
Por fim, como o autor Marco Silva traz o professor precisa promover ações que produza um trabalho interativo, sistematizador de experiências, construindo aulas significativas.
                                                                                        Késia Cardoso Corrêa


REFERÊNCIAS:

BAUMAN. Zigmunt, 44 Cartas do mundo líquido moderno/ Tradução Vera Pereira.- Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
FISCHER. Rosa Maria Bueno. Televisão e Educação: Fruir e pensar a TV, 3ed. – Belo Horizonte: Coleção temas e educação, 160p. Autêntica, 2006.

SILVA, Marco. Interatividade na educação,/ vídeo disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=ShRODbkFIJ0&feature=youtu.be, acesso 24 julho 2014.


Livro digital: Se aventurando nas mídias e educação

Confira o trabalho que produzimos como proposta final da disciplina de Mídias e Educação. Que tal usar este recurso com seus alunos e tornar uma estratégia pedagógica? :D

Késia Corrêa

segunda-feira, 21 de julho de 2014

On-line, Off-line



Durante algumas aulas realizamos um seminário com base nas 44 Cartas do mundo líquido moderno de Zigmunt Bauman. Nesta obra estão reunidos 44 textos escritos pelo autor de 2008 a 2009 para uma revista italiana voltada ao público feminino. Ele trata de temas contemporâneos em busca de significado nos atos simples do dia a dia, entre eles - iPod; Twitter; Facebook; Barack Obama; cartões de crédito e gripe suína.

Os seminários nos levaram a refletir sobre a construção das adolescências em correlação com as mídias digitais e os processos de comunicação, as mudanças de condições de vida, os diferentes pontos de vista, conflito de gerações com ganho de quantidade e perda de qualidade de vida, relações flexíveis.


Compartilhamos aqui nossa reflexão sobre o capítulo 4 do livro:

 Capítulo 4-  On-line, Off-line



Vivemos hoje em uma vida de contínuas emergências, os adolescentes perdem importantes dicas sociais, porque estão grudados em seus celulares, ipods, quando muitas vezes off-line, não conseguem olhar nos olhos (página 22).
Através desta leitura podemos refletir sobre as possibilidades que o mundo on-line oferece a simplicidade de remodelar a “identidade” quando surge necessidade, a quantidade de conexões sendo mais importante e não a qualidade, a vantagem de apagar depressa os vestígios.
 Também se pensar o quanto a internet é um exercício incessante da reinvenção para os adolescentes, a ausência de contradições e objetivos que rondam a vida off-line, enquanto on-line se cria uma multiplicidade infinita de possibilidades de contatos plausíveis e factíveis, porém vivendo em um mundo on-line, se perde a profundidade, a durabilidade das relações dos laços humanos.

Vídeo apresentado: https://www.youtube.com/watch?v=-6xGI63nXZg

REFERÊNCIA
ZIGMUNT, Bauman, 44 Cartas do mundo líquido moderno/ Tradução Vera Pereira.- Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

Késia Corrêa e Carolina Cardoso

Contrapropaganda: Energético LIGADÃO!


 
"24 horas é pouco!"
"Não consigo dar conta de tudo que tenho para fazer!"
"Não dá tempo nem para dormir!"

Sim, é isso que muitas vezes exclamamos quando não conseguimos dar conta de tantos compromissos e afazeres!

Agora imagine um energético que deixasse você realmente LIGADÃO?

Essa foi a nossa proposta ao criarmos uma contrapropaganda para a disciplina de Mídias e Educação, pensando na publicidade como uma pedagogia que associa produtos à características desejáveis para os sujeitos.

 

As contrapropagandas servem para tecer críticas, problematizar, satirizar, levar os sujeitos à reflexão, à uma análise crítica sobre as estratégias de endereçamento das publicidades.

Muitas vezes recorremos a pílulas, chás, complexos vitamínicos e energéticos que prometem um vigor até mesmo para quem está extremamente cansado. Mas nada substitui a boa noite de sono, o cuidado consigo mesmo, e a busca por formas menos artificiais para ter qualidade de vida.

Com esta contrapropaganda propomos pensar nas estratégias de endereçamento discutidas por Rosa Fischer (2003) (ver posts anteriores) que os publicitários deste tipo de produto - energético - usam para chegar a um público específico de trabalhadores, estudantes, pais e mães que estão sobrecarregados com seus diversos afazeres. Assista o vídeo e perceba como os diversos públicos são atingidos através da publicidade, com frases de efeito, bordões, sentimentos demonstrados a partir de expressões corporais e outras estratégias que você reconhecerá aqui.

 LIGADÃO, O ENERGÉTICO QUE NÃO TE DÁ APENAS ASAS, MAS TE TRANSFORMA NO URUBU INTEIRO!




O Ministério do Bom senso adverte: nada substitui uma boa noite de sono! 

Aproveite e veja as outras contrapropagandas construídas pelos alunos das disciplina! É só clicar na lista de blogs à direita!

Gostou? Então comente e compartilhe!



Késia Corrêa & Carolina Cardoso

terça-feira, 3 de junho de 2014

Os comerciais de TV: 30 segundos endereçados a você!

     Nos estudos da disciplina Mídias e Educação dialogamos a cada encontro com autores que abordam as relações da mídia com a educação, sociedade do consumo e etc.

     Rosa Fischer, uma das autoras estudadas - e mencionada em posts anteriores - nos faz pensar sobre o quanto a mídia, através dos programas de televisão, atravessa nossas formas de pensar e agir (subjetividades) por meio de diferentes estratégias de “endereçamento”.

     Estas estratégias buscam comunicar (endereçar, destinar) algo a alguém, mas pensando nesses alguéns como sujeitos que se identificarão com o que assistirem se enxergarem um pouco de si no que está sendo apresentado. Dessa forma a programação poderá “prender” o olhar atento destas pessoas.

     Com os comerciais de TV não é diferente. Entre uma programação e outra assistimos propagandas de publicitários que tentam vender determinado produto de uma empresa, aliando imagem, som e texto de diferentes formas a públicos específicos.

     Algumas propagandas acabam ficando em nossa memória, não é mesmo? Quem não se lembra das propagandas dos ursos polares no período de Natal da famosa “Coca-Cola? Ou então dos siris de uma propaganda da cerveja Brahma, com o jargão “na-na-na-ná”. E quando os publicitários usam uma música, um jingle, que cantamos juntinho a cada aparição da tal propaganda? Não sai da nossa cabeça!

     Fischer (2003) propõe um roteiro de perguntas para subsidiar um estudo sobre programas de TV, propagandas e outros artefatos culturais específicos. Vamos colocar em prática com as duas propagandas de creme dental abaixo:


                                                       propaganda Colgate Total 12

                                                  propaganda Sensodyne Repair & Protect

      Quais os objetivos desse artefato? A quem “se endereça”?

Já sabemos que o artefato é uma propaganda, então a partir disso podemos apontar o objetivo, que é vender um produto, uma ideia. Mais especificamente, convencer o público a comprar os determinados cremes dentais apresentados nas propagandas.

Pela forma como é construída e pelo produto que é vendido, entendemos que as propagandas se endereçam desde adolescentes a idosos, que compram seus cremes dentais com critérios próprios de escolha, atentando para o preço, é claro, mas também aos conhecimentos adquiridos sobre cuidados bucais. Afinal, quem paga aproximadamente R$ 10,00 por um creme dental de certo é por indicação, experiência, ou pela propaganda veiculada na mídia.

      Afinal, de que trata esse programa? Quem fala e de que lugar?

As duas propagandas tratam de recomendações acerca de cuidados com a dentição a partir da indicação de um produto para isso. Na primeira, pessoas de uma família perguntam a um dentista, que também faz parte da família, que creme dental ele indica para determinados problemas bucais. Ele responde todas as vezes “Colgate Total 12”. Já na segunda propaganda, outro dentista fala, como se estivesse respondendo a questão de uma entrevista, sobre os benefícios do uso do creme dental Sensodyne, que é o indicado por ele.

 As pessoas que falam nos dois comerciais são dentistas, e neste contexto de venda de creme dental sabemos que eles são as vozes autorizadas para fazer um discurso sobre o que é melhor para a saúde bucal. Além disso, para legitimar mais ainda as indicações dos dentistas, é mostrado abaixo de seus nomes, no início de cada propaganda, o CDO, para comprovar a quem quiser se informar que são de fato dentistas, com registro.

As estratégias também aparecem nas frases que servem de slogans das marcas. No comercial da Colgate: “A marca número 1 em recomendação dos dentistas”. No comercial da Sensodyne: “9 entre 10 dentistas recomendam Sensodyne para dentes sensíveis”.

Nos dois comerciais os dentistas falam num consultório dentário, usando seus jalecos, dando força ao discurso. As duas propagandas tentam mostrar que os profissionais realmente acreditam que o creme dental que apresentam é o mais indicado para os cuidados com a dentição.

                     Com que linguagens se faz este produto?

Na propaganda da Colgate podemos perceber as linguagens oral, escrita (predominância da oral), gráfica, digital, sonora e musical. A música de fundo que permanece em todo tempo da propaganda passa uma sensação de conforto e descontração, reafirmados nos sorrisos e risadas dos atores.

A forma como os atores estão dispostos também passa uma sensação de conforto e familiaridade entre eles, como uma “família”, que o comercial visa representar, mas não perdendo a característica de um consultório.
Na maioria do tempo a cena é desenvolvida num mesmo local, tendo dois recortes, um para ilustrar doze cremes dentais (doze benefícios) formando um só, o Colgate Total 12, e ao final para mostrar a imagem e slogan temas da marca.

No comercial da marca Sensodyne é utilizado as linguagens oral, escrita (linguagem escrita bastante presente), gráfica e digital.

Diferente da primeira propaganda, não há música de fundo e sonorização, passando a impressão de que a situação é de entrevista, mas com uma filmagem mais simples, mais “caseira”. Os recursos gráficos e digitais são mais explorados num momento, pois ilustram a ação do creme dental nas áreas sensíveis, para que o telespectador possa compreender, ou melhor, ver, como se dá ação do produto.

     Que relações fazer entre esse artefato da mídia e outros      problemas, teorias ou temáticas de interesse para a educação?

Quando passamos a olhar de forma crítica para o ensino e para as infâncias contemporâneas percebemos que a escola é apenas uma das muitas instâncias sociais que educam. Antes sabíamos da escola e da família, hoje, podemos afirmar que a mídia também tem educado e formado os sujeitos.

A TV, mais que um eletrodoméstico, é uma instância educativa da qual a escola precisa estar atenta. Como educadores não podemos ficar alheios aos programas que nossos alunos assistem, ao que está grade de horários das emissoras, fazendo relações com questões atuais da sociedade, e porque não com os conteúdos do currículo?

As duas propagandas analisadas tem estrita relação com as aprendizagens escolares, pois abordam a saúde bucal, que estudamos nas noções sobre o corpo humano. O cuidado de si é algo inevitável aos seres humanos, e as escolhas dos produtos de higiene fazem parte do cotidiano das famílias, por esta razão, propagandas como estas influenciam as escolhas das famílias nos mercados, armazéns e farmácias.

Podemos problematizar com os alunos o preço destes produtos, comparando-os com outros da mesma marca, pois estes são mais caros que os cremes dentais comuns, por esta razão, muitas vezes não fazendo parte dos lares menos abastados. Podemos discutir sobre os profissionais que estão falando na propaganda, sobre a razão pela qual os comerciais de creme dental costumam envolver dentistas; Outras marcas como Close-up, Sorriso e Oral-B também apresentam propagandas de caráter mais “científico” como estas? Pode ser outra análise feita com os alunos, pois algumas propagandas da Close-up e Sorriso abordam mais o “frescor”, o “hálito”, com um contexto menos “enrijecido”, do que questões mais aprofundadas da saúde bucal.

A partir de uma introdução mais simples como esta, podemos trabalhar com os alunos a discriminação das estratégias de endereçamento, adequando ao nível da turma para discussões, abordando as linguagens com as quais a TV opera.


Por fim, fique com as palavras de Rosa Fischer a respeito do trabalho do educador com a mídia como instância cultural e a TV como reprodutora da mídia:

“O trabalho pedagógico insere-se justamente aí, na tarefa de discriminação, que inclui desde uma franca abertura à fruição (no caso, de programas de TV, comerciais, criações em vídeo, filmes veiculados pela TV e etc.) até um trabalho detalhado e generoso sobre a construção de linguagem em questão e sobre a ampla gama de informações reunidas nesses produtos, sem falar nas emoções e sentimentos que cada uma das narrativas suscita no espectador (FISCHER, 2003, p. 27).”

Késia Corrêa e Carolina Cardoso


REFERÊNCIA:

FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & educação: fruir e pensar a TV. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.


Uma conversa sobre a mídia como instância cultural...




Com base nos estudos de Rosa Fischer (2003) buscaremos trazer reflexões sobre as produções midiáticas entendidas como artefatos culturais.

Ao falarmos das produções midiáticas, primeiramente precisamos compreender que não podemos desconsiderar a forte presença da TV na vida das pessoas. Quem, por menores condições financeiras que tenha, não possui um televisor em casa? E olha que estamos falando apenas de um... ou seja, a mídia, através da televisão, está presente em nosso cotidiano.

Fischer alerta que pensar a relação entre mídia e educação como algo maior, exige não somente uma leitura crítica de mundo, mas o reconhecimento da importância do tema como algo social e político.

Falar da mídia e suas produções também implica pensar que tempo é esse que vivemos e sobre as práticas que produzimos e nos produzem. Para entender este tempo, precisamos, num segundo momento, perceber a existência de diferentes espaços que educam além da família e da escola (instâncias culturais legitimadas em seu caráter educador), já que a mídia não se limita a informar e entreter tão somente, hoje ela é reconhecida como mais uma instância educativa.

A proposta da autora é que possamos problematizar em sala de aula como são estabelecidas as relações das produções da mídia e os diversos públicos atraídos por ela ao consumo de produtos e ideias.

A mídia, na “telinha”, opera com uma linguagem específica, e visa através de suas programações retratar os tecidos sociais, intervir neles, estudá-los, para conhecer os públicos aos quais suas programações, seus produtos, suas ideias, se destinam. Com base nesse pressuposto, já sabemos por que nos identificamos com uma novela, uma propaganda, um programa de entretenimento que trata de “assuntos da vida”. Nós completamos e significamos o que é mostrado na “telinha”, nós completamos as imagens. Assim, nossas subjetividades vão sendo formadas nesta trama entre vida real e vida na TV, que por vezes ofusca a vida real. Esta forma de viver e “ver” a vida incide na constituição dos sujeitos contemporâneos. Aqui, não estamos fazendo uma crítica negativa à mídia, mas analisando-a como instância cultural.

Por isso precisamos estudar as diferentes estratégias de endereçamento (imagem, som, criação) e compreender suas significações, pois os modos de endereçamento não são “neutros”, tem uma finalidade, um público-alvo. Por isso estas estratégias, ao serem investigadas, se tornam educativas e pedagógicas.

Em suma, pensar na educação da sociedade contemporânea exige um olhar atento para a forma pela qual as linguagens da TV são construídas, possibilitando organizar um trabalho pedagógico que leve os sujeitos a refletirem sobre o consumo midiático, característica do tempo que vivemos.

Então, como pensar em um trabalho pedagógico que envolva a linguagem audiovisual?

Mais do que criticar, precisamos avançar e pensar em um trabalho que utilize as mídias como recurso e estratégia, e conhecer quais as formas de acesso e como os alunos se apropriam das mídias, como foi comentado no post anterior.

Partindo deste pressuposto você poderá discutir com os alunos sobre programas de TV, novelas, filmes (artefatos culturais), promovendo um debate sobre consumismo e outras temáticas atuais associadas à forma que nos relacionamos com a mídia.

Um exemplo de atividade é trazer filmes ou documentários como “A história das coisas”, e promover debates, pesquisas e produções textuais em diferentes gêneros e aportes, com uma reflexão crítica sobre consumo. Assim como outros artefatos culturais podem ser explorados com os alunos, conduzindo a discussão aos valores, compreensão de sujeito que são trabalhados e outras questões que o material permitir.



REFERÊNCIA:

FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & educação: fruir e pensar a TV. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Mídias, tecnologias e educação: desafios e possibilidades



São muito os desafios encontrados pelos professores em sala de aula, pois atualmente vivemos bombardeados pela mídia nos diferentes aparatos tecnológicos, e isto reflete na escola, no ensino, na aprendizagem, assim como na relação dos alunos e seus professores e dos alunos entre si.

Então, como chamar a atenção dos educandos? Como aproveitar as tecnologias atuais para o ensino, não as vendo apenas como algo que atrapalha a aula, como comumente acontece com o celular, por exemplo? No município de Rio Grande, no ano de 2010, foi aprovado inclusive um projeto de lei que proibia o uso do celular em sala de aula, nos fazendo pensar que de fato ele é visto como um vilão da escola.

Sendo assim, entendemos enquanto futuras educadoras que precisamos elaborar estratégias utilizando as mídias, aproveitando quando possível os recursos disponíveis na escola, como é o caso dos laboratórios de computadores, os quais as crianças visitam normalmente uma vez por semana, para jogar ou para outro tipo de entretenimento. Contudo, sabemos que a realidade nem sempre é o esperado, pois muitas vezes os laboratórios acabam não sendo usados por falta de monitores que auxiliem no manuseio dos computadores, dificultando um trabalho mais significativo de pesquisa, por exemplo.

Sabemos que são inúmeros os desafios para integrar o uso das mídias na educação, mas um primeiro passo é conhecer a turma, afim de observar de que modo as mídias e as tecnologias interpelam a aprendizagem dos alunos. Conhecendo as especificidades da turma podemos pensar em possibilidades de ensino que envolvam a reflexão e criticidade sobre o uso das mídias na contemporaneidade.

                                                                                                            Késia Corrêa e Carolina Cardoso